Por: Cristina Cristovão Ribeiro. Fisioterapeuta e professora universitária. Doutora em Gerontologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Especialista em Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). Presidente do Departamento de Gerontologia da Seccional do Paraná (gestão 2023/2025). Docente do curso de Fisioterapia do Centro de Ensino Superior de Foz do Iguaçu (Cesufoz). Professora em cursos de pós-graduação na área de gerontologia. Pesquisadora da Rede Remobilize. É autora do livro ‘As oito premissas da fisioterapia gerontológica’ (2012). Instagram: @cristinaribeirogerontologia
A população brasileira está envelhecendo muito rápido. O censo do IBGE de 2022 revelou que o número de idosos vem crescendo no país e cada vez aumenta mais as necessidades para essa parcela da população. Pensando que as pessoas têm a chance de passar 1/3 da vida na fase da velhice – dos 60 aos 90 anos – o desafio é viver com qualidade e como utilizar, da melhor maneira possível, esse tempo de vida.
Se a cada ano cresce o número de idosos é importante se pensar em políticas de cuidados e políticas públicas que melhorem a qualidade de vida, já que esse crescimento vai gerar aumento de algumas doenças crônicas e neurodegenerativas, como as demências. O desafio hoje não é viver mais, é sim viver com qualidade, não basta acrescentar anos à vida e sim vida aos anos. Por isso é importante pensar em estratégias e variáveis que possam contribuir para esse ‘viver melhor’ e por isso é tão importante pensar no propósito de vida.
Mas o que é o propósito da vida? Ela é uma variável psicológica e que hoje está atrelado a muitas possibilidades e benefícios para a vida dos idosos. Quem tem propósito de vida cuida mais da saúde, se preserva mais, adere aos tratamentos de saúde com mais afinco. A pessoa passa a se sentir útil e produtiva. O propósito ajuda também a evitar doenças como a depressão.
O livro ‘Propósito de vida da pessoa idosa’ reúne artigos de vários especialistas em gerontologia – a ciência que estuda o idoso como um todo – de diferentes áreas de atuação dando um panorama dos estudos sobre o tema e também relatos de casos, que ilustram como a perspectiva do propósito de vida pode contribuir para a saúde física e mental dos pacientes com idade avançada.
Vale lembrar que as intervenções focadas na melhoria do propósito de vida de idosos podem contribuir para fortalecer as reservas neurológicas e cognitivas, o senso de controle e o senso de competência. Podem ser de grande valia para atenuar, postergar e diminuir o ritmo do declínio cognitivo e do desenvolvimento da morbidade e da incapacidade dos idosos.
Outro ponto importante são as pessoas que convivem com o idoso. Elas devem observar como ele se comporta. Ver se ele está feliz, se tem algo que o motive, algo que deseje – sonhos não envelhecem – às vezes ele tem um sonho que está meio adormecido e que agora tem possibilidade de realizar. É preciso estimular, perguntar e não achar que é normal da idade a pessoa ficar triste e não querer mais se envolver em reuniões familiares ou participar de encontros sociais. Isso pode ser sinal do início de uma depressão.
A família, os amigos e os vizinhos podem estimular os propósitos de vida dos idosos. Isto vai fazer com que ele volte a ter ‘brilho nos olhos’ e assim ter uma nova motivação e incentivo para viver bem e melhor.