Saia da poupança e entre na renda fixa

Saia da poupança e entre na renda fixa

É para lá que o seu dinheiro deve ir… por enquanto!

Por Alex Campos
Colunista do Painel Econômico da Rádio JBFM (RJ), titular da Academia Nacional de Economia (ANE) e palestrante da Ideias & Ideais Comunicações (!&i)

 

A caderneta acaba de registrar o pior rendimento dos últimos 12 anos. Pelo sexto mês consecutivo, a poupança perdeu para a inflação e deu prejuízo, mesmo sendo uma aplicação que não cobra imposto de renda. Enquanto isso, há casos de renda fixa pagando o dobro ou mais, mesmo com imposto de renda. Isso porque dois anos seguidos de elevação da taxa básica de juros tornaram mais vantajosos os chamados fundos de investimentos. Por essa razão, é pra lá que o seu dinheiro deve ir.

O que precisa ser levado em conta é a taxa de administração dos fundos. De preferência, essa taxa não pode ser maior do que 1 por cento ao ano; caso contrário, a vantagem sobre a poupança deixa de ser significativa. O problema é que, em geral, os bancos só oferecem fundos de investimentos, com taxa de administração abaixo de 1 por cento, para quem tem 50 mil reais em diante. Ou seja, considerar a taxa de 1 por cento e o montante disponível é essencial para alguém decidir se o melhor é ser poupador ou investidor – coisas parecidas, mas coisas diferentes.

A boa notícia é que, além da poupança, também existem opções de renda fixa sem imposto de renda e com sólida garantia e segurança. Esse é o caso das LCA e das LCI. As Letras de Crédito do Agronegócio e as Letras de Crédito Imobiliário também não cobram imposto de renda e têm proteção do Fundo Garantidor de Crédito, o FGC. Significa que, mesmo havendo quebra da instituição financeira, o investidor com saldo de até 250 mil reais não teria prejuízo algum.

LCA e LCI são títulos de renda fixa emitidos pelos bancos e lastreados ou vinculados a empréstimos no setor do agronegócio ou no mercado imobiliário. A diferença de ganhos entre as Letras em si é pequena, mas a vantagem em relação à poupança é bem significativa, principalmente no longo prazo – quanto maior o período de aplicação, com liquidez após 1 ano ou 2 anos, maior a vantagem.  Os títulos podem ter rentabilidade pré ou pós-fixada: o investidor pode saber antes quanto vai receber durante o tempo de aplicação ou pode acompanhar o retorno de acordo com os juros de mercado, por conta da variação da taxa Selic, do Banco Central.

Para se ter ideia, a Caixa Econômica, líder absoluta em poupança, já tem hoje 100 bilhões de reais investidos só em LCI. Isso indica que os ganhos altos, sem risco, parecem estar de volta! Mas, repare: eu escrevi “parecem” porque o sucesso das LCA e das LCI já fez arregalar o olho gordo do governo. Graças aos juros, as Letras do Agronegócio e as Letras do Imobiliário se tornaram as novas queridinhas dos investidores, superando a poupança em rentabilidade e o Tesouro Direto em captação.

Daí que já existem estudos no sentido de reduzir as vantagens desses títulos, pelo menos no curto prazo. Uma das ideias é tributar as aplicações em LCA ou LCI de 30, 90 e 180 dias, preservando a isenção do imposto de renda somente para os vencimentos mais longos, a partir de 1 ano. Essa possibilidade é a mais viável porque o ministro da Fazenda hoje é justamente o Joaquim Levy. Foi ele, como secretário do Tesouro, quem criou as alíquotas regressivas do IR, aquelas que vão diminuindo conforme o prazo dos fundos de renda fixa. Os investimentos começam carregados em 22,5 por cento, depois 20, depois 17,5 até cair a 15 por cento.

Enfim, esse é só mais um problema delicado que o Levy tem pela frente. Se decidir pela tributação e errar na dosagem, o ministro pode afugentar boa parte dos investidores do Banco do Brasil e da Caixa Econômica. BB e Caixa são os principais operadores de Letras de Crédito do setor do agronegócio e do mercado imobiliário – não por acaso, os principais financiadores de segmentos fundamentais, que envolvem casa, comida, renda, emprego e crescimento!

LEIA MAIS

Leave a Comment

You must be logged in to post a comment.