O Museu do Pontal, na Barra, vai realizar nos dias 15 e 16 de abril o primeiro Festival das Culturas Indígenas com uma intensa programação gratuita de filmes, oficinas e espetáculos para toda a família. Além de celebrar a força e a beleza das culturas indígenas, o evento também busca chamar atenção para a importância da manutenção e ampliação dos direitos dos povos nativos do Brasil.
“O festival coloca em evidência saberes ancestrais e busca chamar atenção para questões urgentes, como a demarcação de territórios e a necessidade de políticas de proteção aos Yanomamis”, explica a diretora e curadora do Museu, Angela Mascelani. “Trata também da importância da literatura, da música, do cinema e das artes, de forma geral, para a preservação das culturas indígenas”, complementa o diretor executivo do museu, Lucas Van de Beuque.
Nos dois dias do festival, uma edição especial do projeto Cinema de Fachada exibirá uma seleção de filmes para crianças e adultos. A mostra tem curadoria da atriz Bianca Comparato, uma das idealizadoras do Cinema de Fachada ao lado da também atriz Alice Braga; do cineasta indígena da etnia Guarani Nhandewa, Alberto Alvares; do professor Christian Fischgold, que vem pesquisando as relações entre literatura, antropologia e cinema, e da coordenadora de Conteúdo do Museu do Pontal, Fabiana Comparato.
Com sessões sábado e domingo às 10h, no auditório do museu, a mostra de curtas reúne quatro filmes para crianças, sendo três dirigidos por realizadores indígenas. No sábado, a partir das 18h, o longa de animação infantil Ainbo – A guerreira da Amazônia, de Richard Claus, será projetado ao ar livre, em uma das fachadas do museu, e o público terá à disposição cadeiras e espreguiçadeiras.
Ainda no sábado, a partir das 19h30, será exibido na fachada o longa A Última Floresta, ganhador do prêmio do público no Festival de Berlim e eleito melhor filme no Festival de Seul. Dirigido por Luís Bolognesi, o filme acompanha o xamã Davi Kopenawa Yanomami – também um dos roteiristas da obra – em sua luta para manter vivos os espíritos da floresta e as tradições, enquanto a chegada de garimpeiros traz morte e doenças para a comunidade.
No domingo, a partir das 16h30, encerrando a programação do festival, será exibido no auditório O Território, documentário de Alex Pritz (My Dear Kyrgyzstan) ganhador do Festival de Sundance 2022 em duas categorias – prêmio especial do júri de melhor obra documental e prêmio do público de melhor documentário. O filme segue a luta vital e inspiradora do povo indígena Uru-eu-wau-wau no Brasil para defender suas terras de invasores que pretendem colonizar uma área de proteção ambiental na floresta amazônica. Co-produzido pela comunidade Uru-eu-wau-wau, o filme se baseia no acesso mais intimista tanto à perspectiva indígena quanto aos dos invasores e grileiros que querem ocupar suas terras, causando um conflito que tem profundas implicações para a sobrevivência do povo indígena e do planeta.
A sessão contará com a presença de Bitaté Uru-eu-wau-wau, jovem liderança Uru-eu-wau-wau que tinha 18 anos à época das filmagens e tornou-se protagonista do filme. Bitaté, que estará no Rio a convite do Museu do Pontal, também participará de um debate com os curadores do Cinema de Fachada e com o produtor do filme, Gabriel Uchida, após a exibição.
A entrada é gratuita e para facilitar o acesso ao museu teremos também transporte gratuito. As vans do Museu do Pontal sairão da estação de metrô Jardim Oceânico (saída A – Lagoa) e do estacionamento do Alvorada.
Referência internacional em arte popular brasileira, o Museu do Pontal, por meio da lei federal de incentivo à Cultura, tem o Instituto Cultural Vale como patrocinador estratégico e como patronos BNDES, Itaú, Repsol Sinopec Brasil e Ternium, além da Prefeitura do Rio.
Cinema de Fachada especial Festival das Culturas Indígenas no Museu do Pontal
Sábado – 15 de abril
10h – Sessão de curtas para crianças (auditório)
Caminho dos Gigantes, de Alois di Leo – 12 min
A história de Oquirá, uma menina indígena de 6 anos que desafia o seu destino e tenta entender o ciclo da vida. Uma busca poética pela razão e propósito de viver.
A Festa dos Encantados, de Masanori Ohashy – 13:30 min
A Festa dos Encantados é uma animação baseada no mito do povo Guajajara que conta a origem de seus rituais. Ele narra a saga de um Guajajara procurando seu irmão perdido. Encontrado um mundo subterrâneo habitado por seres encantados, permanece aprendendo todos os rituais e cânticos. Com saudade da família, volta para o seu povo e passa a contar a sua história e ensinar para todos os parentes, tudo o que havia aprendido com aquele seres. Antes disso, de acordo com o mito, os Guajajara não realizavam seus rituais.
O dilúvio Maxakali, de Charles Bicalho, Isael Maxakali – 13 min
Konãgxeka na língua indígena maxakali quer dizer “água grande”. Trata-se da versão maxakali da história do dilúvio. Como um castigo, por causa do egoísmo e da ganância dos homens, os espíritos yãmîy enviam a “grande água”.
A Voz do Barro, de Ana Letícia Meira Schweig, Angélica Domingos, Cleber kronun de Almeida, Eduardo Santos Schaan, Geórgia de Macedo Garcia, Gilda Wankyly Kuita, Iracema Gãh Té Nascimento, Kassiane Schwingel, Marcus A. S. Wittmann, Nyg Kuita, Vini Albernaz – 11 min
Animação criada através das memórias narradas por Gilda Wankyly Kuita e Iracema Gãh Té Nascimento, com imagens e sons captados na Terra Indígena Kaingang Apucaraninha (PR) durante o encontro de mulheres “Ga vī: a voz do barro, conversando com a terra”, 2021. O curta aborda a tradição da cerâmica, barro, território e ancestralidade.
18h – sessão ao ar livre
Ainbo – A Guerreira da Amazônia, de Richard Claus – 1h20min
Ainbo nasceu e foi criada na aldeia de Candámo, na floresta Amazônica. Um dia, descobre que sua tribo está sendo ameaçada por outros seres humanos. A garota enfrenta a missão de reverter essa destruição e extinguir a maldade dos Yakuruna, a escuridão que habita o coração de pessoas gananciosas.
19h30 – sessão na fachada do Museu
A Última Floresta, de Luiz Bolognesi – 1h16min
O xamã Davi Kopenawa Yanomani tenta manter vivos os espíritos da floresta e as tradições, enquanto a chegada de garimpeiros traz morte e doenças para a comunidade, que fica localizada em um território Yanomani, isolado na Amazônia. Os jovens ficam encantados com os bens trazidos pelos brancos.
Domingo – 16 de abril
10h – Sessão de curtas para crianças (auditório)
Caminho dos Gigantes, de Alois di Leo – 12 min
A Festa dos Encantados, de Masanori Ohashy – 13:30 min
O dilúvio Maxakali, de Charles Bicalho, Isael Maxakali – 13 min
A Voz do Barro, de Ana Letícia Meira Schweig, Angélica Domingos, Cleber kronun de Almeida, Eduardo Santos Schaan, Geórgia de Macedo Garcia, Gilda Wankyly Kuita, Iracema Gãh Té Nascimento, Kassiane Schwingel, Marcus A. S. Wittmann, Nyg Kuita, Vini Albernaz – 11 min.
16h30 – Sessão de encerramento do Festival no auditório, seguida de debate com Bitaté Uru Eu Wau Wau (personagem principal do filme), Gabriel Uchida (produtor do filme) e os curadores da mostra Alberto Alvares, Christian Fischgold e Fabiana Comparato.
O Território, de Alex Pritz – 1h26min
O povo indígena Uru-eu-wau-wau viu sua população diminuir e sua cultura ser ameaçada desde o contato com os brancos brasileiros. Embora prometida a autonomia sobre seu território de floresta tropical, eles enfrentaram incursões ilegais de extração de madeira e mineração ambientalmente destrutiva e, mais recentemente, invasões de grilagem de terras, estimuladas por políticos de direita como o presidente Jair Bolsonaro. Tendo o desmatamento como consequência, o problema se tornou global. Com acesso inédito e coproduzido pela comunidade Uru-eu-wau-wau, o documentário coloca o público no centro desse conflito. Jovens líderes indígenas e ativistas ambientais arriscam suas vidas para defender a floresta, montando sua própria equipe de mídia independente, usando a tecnologia para expor a verdade e revidar.
Após a exibição do filme no auditório será realizado debate com Bitaté Uru Eu Wau Wau (personagem principal do filme) e Gabriel Uchida (produtor do filme) e os curadores da mostra Alberto Alvares (da etnia Guarani Nhandewa, nascido na aldeia de Porto Lindo, Mato Grosso do Sul), Christian Fischgold e Fabiana Comparato.
Programação completa
Dia 15
10h – Cinema de Fachada: sessão de curtas para crianças no auditório.
Caminho dos Gigantes, de Alois di Leo – 12 min
A Festa dos Encantados, de Masanori Ohashy – 13:30 min
O dilúvio Maxakali, de Charles Bicalho, Isael Maxakali – 13 min
A Voz do Barro, de Ana Letícia Meira Schweig, Angélica Domingos, Cleber kronun de Almeida, Eduardo Santos Schaan, Geórgia de Macedo Garcia, Gilda Wankyly Kuita, Iracema Gãh Té Nascimento, Kassiane Schwingel, Marcus A. S. Wittmann, Nyg Kuita, Vini Albernaz – 11 min
11h – Os sons da Floresta. Oficina com Pacary Pataxó, educador indígena da Aldeia Mãe, de Barra Velha (BA). Além de demonstrar como os indígenas utilizavam apitos que imitam sons de pássaro para se comunicar na floresta. Pacary vai confeccionar um apito de bambu. Livre.
12h – Visita musicada
13h – Edição especial com foco em peteca, brincadeira de origem indígena.
14h – Visita musicada
15h – Contação de histórias: Minhas histórias ancestrais. A atriz, bonequeira e contadora de histórias Melissa Xakriabá apresenta histórias recheadas de tradições, cantos e artesanatos indígenas. Livre.
16h – Oficina Saúde e meio ambiente. Descendente de indígenas Kariri Xocó e Fulni-ô, Niara do Sol compartilha saberes ancestrais sobre plantas medicinais. A atividade acontecerá na horta/jardim sensorial do Museu. Livre.
17h – Baú de brinquedos.
17h – Coral Mbyá Guarani – Aldeia Mata Verde Bonita Maricá (praça). Formado por crianças Guaranis de Paraty e Maricá, o grupo fará uma apresentação de cantos e danças tradicionais da sua cultura.
18h – Cinema de Fachada: sessão ao ar livre do longa de animação Ainbo – Guerreira da Amazônia.
AINBO – A Guerreira da Amazônia, de Richard Claus – 1h20min
19h30 – Cinema de Fachada: sessão ao ar livre do filme A última Floresta. De Luiz Bolognesi.
Dia 16
10h – Cinema de Fachada: sessão de curtas para crianças no auditório.
Caminho dos Gigantes, de Alois di Leo – 12 min
A Festa dos Encantados, de Masanori Ohashy – 13:30 min
O dilúvio Maxakali, de Charles Bicalho, Isael Maxakali – 13 min
A Voz do Barro, de Ana Letícia Meira Schweig, Angélica Domingos, Cleber kronun de Almeida, Eduardo Santos Schaan, Geórgia de Macedo Garcia, Gilda Wankyly Kuita, Iracema Gãh Té Nascimento, Kassiane Schwingel, Marcus A. S. Wittmann, Nyg Kuita, Vini Albernaz – 11 min
11h – Farmácia caseira. A historiadora, educadora popular e terapeuta natural Amanda Mara Goytacá ensina como aproveitar as propriedades medicinais de ervas e plantas disponíveis na horta/jardim sensorial do museu. Livre.
12h – Visita musicada.
13h – Baú de brinquedos.
14h – Oficina de Petek’as em palha de maki. A educadora e agricultora urbana Carmel Puri ensina a fazer o brinquedo de origem indígena utilizando palha de maki (milho), pandoba ou buriti e penas de aves. Livre.
14h – Visita musicada.
15h – Apresentação do coral Nhamandu NHEMÕPU’Ã – Formado por crianças da Aldeia Tekoa Jaexaa Porã (Aldeia Boa Vista), de Ubatuba (SP), o coral apresenta cantos sagrados do povo guarani.
16h – Lançamento do livro Ritxoko – A voz visual das ceramistas Iñy. A antropóloga Chang Wan conversa com o público sobre seu novo livro, resultado de pesquisa sobre sobre a cerâmica figurativa Karajá. Conhecidas como ritxoko, as bonecas karajá são reconhecidas pelo Iphan como Patrimônio da Cultura do Brasil.
16h30 – Cinema de Fachada: Sessão no auditório do longa – O território. De Alex Pritz.
Após a exibição do filme no auditório será realizado debate com Bitaté Uru Eu Wau Wau (personagem principal do filme) e Gabriel Uchida (produtor do filme) e os curadores da mostra Alberto Alvares (da etnia Guarani Nhandewa, nascido na aldeia de Porto Lindo, Mato Grosso do Sul), Christian Fischgold e Fabiana Comparato.
Museu do Pontal
Avenida Celia Ribeiro da Silva Mendes, 3.300, Barra da Tijuca. Aberto de quinta a domingo, das 10h às 18h (o acesso às exposições se encerra às 17h30).