Por: Renata Bento. Psicanalista – Psicóloga . Membro Associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro. Membro da International Psychoanalytical Association – UK.Membro da Federación Psicoanalítica de América Latina – Fepal. Especialização em Psicologia clínica com criança PUC-RJ. Perita ad hoc do TJ/Rj – RJ. Assistente Técnica em processo judicial. Especialista em família, adulto, adolescente.
Nos últimos anos, temos presenciado um aumento da violência nas escolas, com casos de bullying, agressões físicas, ameaças e até mesmo tragédias envolvendo armas de fogo. A violência nas escolas , incluindo incidentes envolvendo atiradores , é uma questão séria e preocupante que pode gerar angústia e medo na comunidade escolar e na sociedade como um todo. Esses eventos trágicos têm um impacto significativo não apenas nas vítimas diretas, mas também nos sobreviventes, testemunhas e na saúde mental coletiva. A sensação de vulnerabilidade diante dessas situações prejudica o ambiente educacional e o desenvolvimento saudável das crianças.
Os pais sentem-se inseguros e temerosos. O medo constante de que algo aconteça com seus filhos, crianças e adolescentes, gera estresse, ansiedade e angústia. A preocupação com a segurança deles acaba se tornando uma presença constante em suas mentes, afetando sua capacidade de concentração no trabalho, seu sono e sua qualidade de vida em geral.
Os pais passam a viver em um estado de alerta contínuo, monitorando notícias e acontecimentos relacionados à violência nas escolas. Essas preocupações podem levar a uma diminuição da confiança nas instituições de ensino, gerando um sentimento de impotência diante da falta de controle sobre a segurança de seus filhos. Essas preocupações constantes e a sensação de impotência podem levar a sintomas físicos e emocionais.
A insegurança nas escolas acaba interferindo na dinâmica familiar. Os pais podem se tornar superprotetores, limitando as atividades dos filhos e restringindo sua liberdade na tentativa de mantê-los seguros. Isso pode gerar conflitos e dificuldades de comunicação entre pais e filhos, além do limite do desenvolvimento saudável da autonomia e da sociabilidade das crianças. .
Recentemente outro fato que movimentou o noticiário foi o aplicativo Discord. A freramenta oferece chat de voz, texto e vídeo e é bastante utilizado por gamers para se comunicar com amigos e outros usuários ao jogar online. O aplicativo, entretanto, vem sendo usado por criminosos para circular conteúdos violentos. A vítima passa a ser chantageada a cumprir desafios. Se ela não aceitar, fotos íntimas são vazadas.
Os mundos real e virtual precisam de atenção. As conversas em casa passam a ser cada vez mais necessárias, e a escuta das crianças e jovens é indispensável, pois assim se tem acesso aos seus sentimentos, medos, ansiedade e fantasias. A escuta deve ser mais ampla possível, para que se permita o fortalecimento da confiança e segurança na família.
Diante desse cenário extremamente vulnerável, é fundamental que os pais encontrem formas de lidar com sua própria ansiedade e insegurança. Buscar estar mais próximo ao seu filho e cultivar mais o convívio, são comportamentos que irão ajudar a estabelecer limites para os jovens que estão diante de uma tecnologia cada vez mais presente em seu cotidiano.