Por Andreia Soares Calçada, psicóloga clínica e jurídica. Perita do TJ/RJ em varas de família e assistente técnica judicial em varas de família e criminais em todo o Brasil. Mestre em sistemas de resolução de conflitos. Autora de livros e artigos na área jurídica.
É preciso esclarecer que, ao contrário do que muitos pensam e imaginam, criança e ansiedade não são coisas inseparáveis e não estão diretamente relacionadas. Hoje em dia, muita gente confunde a agitação normal do filho com ansiedade patológica. Esta agitação, na medida certa, é natural e serve como combustível para a curiosidade e a criatividade na busca por soluções para os problemas e para a independência.
Somente quando esta agitação está fora de controle e acaba gerando dificuldade na criança de aguardar o acontecimento dos fatos, gerando expectativas negativas, é que merece atenção. Vale entender que, até os 4 anos, a criança ainda não desenvolveu plenamente o controle racional sobre os afetos e as emoções. Por isso é que ela chora, faz birra, bate e esperneia quando sente fome, sono ou seus desejos não são atendidos. Mas aos poucos, isso vai se dissipando. O que se deve prestar atenção é em atitudes que demonstram que este sentimento ultrapassou os limites saudáveis, como dificuldade para dormir, se concentrar ou ficar sozinho. Distúrbios alimentares, unhas ruídas, bruxismo insegurança, preocupação extrema com a morte dos pais e medo excessivo, entre outros.
Os pais devem tentar identificar a causa da ansiedade no pequeno e fazer com que ele entenda o que está acontecendo na realidade. Muitas vezes, a ansiedade do filho está baseada numa fantasia, como, por exemplo, medo de que os pais morram, ou de que ele seja abandonado. Outras atitudes que os cuidadores podem tomar são transmitir sensação de amparo e segurança à criança, incentivá-la a fazer atividade física e prestar atenção aos sentimentos e a respiração dos baixinhos. Tudo isso costuma dar rápidos resultados, mas se o comportamento ansioso persistir, é aconselhável buscar auxílio profissional, já que a ansiedade excessiva pode gerar, no futuro, dificuldade escolar, transtornos e até depressão, trazendo prejuízos para o desenvolvimento do menor.