Por: Eduardo Sucupira. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS). Membro internacional da American Society for Aesthetic Plastic Surgery (ASAPS). Mestre e Doutor pelo Programa de Cirurgia Translacional da Escola Paulista de Medicina pela Universidade Federal de São Paulo.
O Brasil é um dos campeões mundiais em cirurgia plástica. Aplicação da toxina botulínica, aumento das mamas, lipoaspiração, blefaroplastia e abdominoplastia lideram a lisa dos procedimentos mais procurados. O país é, também, um dos campeões quando o assunto é a busca excessiva por um modelo corporal idealizado. E isso pode ser grave.
Na literatura acadêmica, diversas expressões são utilizadas para definir a autoestima. Dependendo da abordagem teórica, os autores poderão privilegiar um ou outro aspecto, porém, vamos definí-la como a capacidade de amar a si próprio, aceitar a si mesmo e valorizar o outro.
Atualmente, ser belo não é mais um dever social e sim um dever moral. As pessoas são responsabilizadas, pressionadas a corrigir as imperfeições, já que o corpo perfeito é a representação do sucesso pessoal. A busca por um corpo ideal criou um terreno perigoso capaz de fazer com que muitas pessoas ultrapassem os limites da saúde.
As cirurgias plásticas não têm uma finalidade apenas estética, mas também estão ligadas ao bem-estar psicológico das pessoas que a elas se submetem. A realização da cirurgia plástica proporciona benefícios que vão além da aparência. Isto é notório em relatos de pacientes e é consenso na área da saúde. O impacto na autoestima é imediato, promove o bem-estar, motivação pessoal e o amor próprio.
Indivíduos com boa autoestima sentem-se mais motivados para cuidarem de si, como consequência, têm menor chance de sofrer depressão e de outros problemas relacionados à autoimagem, como o isolamento social.
A cirurgia plástica é ferramenta importante capaz de estimular e promover grandes alterações no íntimo das pessoas, mesmo com pequenas mudanças externas, permitindo o desenvolvimento de uma autoimagem forte e positiva. E é justamente pelo fato da cirurgia trazer alterações importantes e permanentes, que o paciente precisa ter cautela na hora de se decidir por um procedimento e na escolha do profissional capacitado.
É importante estar atento aos limites do próprio corpo. Redes e mídias sociais proliferam de forma desenfreada a publicação de imagens de pessoas e, corpos considerados perfeitos, desejo de grande parte da população mundial. Assim, os padrões de beleza construídos socialmente, têm influenciado a busca excessiva em pelo modelo corporal idealizado, acabando por desencadear determinadas patologias, como a depressão, bulimia, ansiedade social, transtorno dismórfico corporal, entre outras.
Se a pessoa não tiver com uma predefinição do que é belo, pode cair em armadilhas bem perigosas e, caso não saiba lidar com tantas informações, é bem provável que acabe desenvolvendo insegurança e ansiedade. Não existe beleza ideal e plena. Ela pertence a cada um e é singular, dentro dos limites da harmonia e características específicas de cada indivíduo.
Ressalto a importância do despertar do olhar dos profissionais da saúde, da estética e da educação para o reconhecimento de comportamentos que colocam em risco a saúde física, mental e social do indivíduo em prol de padrões de beleza que influenciam decisivamente nas distorções da imagem corporal e na vida pessoal.
Sentir-se bem consigo mesmo e melhorar as suas condições de bem-estar físico, mental e social é essencial para a prevenção de doenças e pode servir como um elemento terapêutico e transformador.