Por: Cristina Cristóvão Ribeiro. Fisioterapeuta, doutora em Gerontologia, presidente do Departamento de Gerontologia da Seccional do Paraná, docente do curso de Fisioterapia do Centro de Ensino Superior de Foz do Iguaçu (Cesufoz), professora em cursos de pós-graduação na área de gerontologia e autora dos livros ‘As oito premissas da fisioterapia gerontológica’ e ‘Propósito de vida da pessoa idosa’.
O Dia do Idoso é comemorado em 1º de outubro e tem como objetivo sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento. De acordo com o Censo Demográfico de 2022, divulgado recentemente, a população idosa no país alcançou o número de 31,2 milhões, sendo 14,7% dos brasileiros. O aumento foi de 39,8% no período de 2012 a 2021.
Hoje, viver até os 90 anos não é um grande desafio. É mais comum. A ideia não é prolongar a vida, viver mais, e sim viver mais com qualidade e prevenindo doenças como a demência. A longevidade saudável é um desejo de todos, mas com o envelhecimento da população e uma maior expectativa de vida no Brasil, as mudanças que ocorrem na velhice trazem implicações e desafios na dimensão social, econômica e de saúde, remetendo à necessidade de estudos que possam favorecer o bem-estar da pessoa idosa e o envelhecimento bem-sucedido.
Atualmente temos vários fatores que podem prevenir a ocorrência de algum tipo de demência, tais como: exercício físico, alimentação saudável, controle do colesterol, convívio social – é muito importante envelhecer com amigos e com o apoio de uma rede social, entre outros.
Ao longo dos anos trabalhando com idosos percebi que aqueles que faziam planos, traçavam metas e realizavam sonhos tinham um envelhecer mais saudável. Pensando nisso, organizei o livro ‘Propósito de vida da pessoa idosa’ (Summus Editorial) junto com outros 13 autores, especialistas em gerontologia de diferentes áreas de atuação.
É preciso que as pessoas tenham algo que as motivem a viver, como ‘um brilho nos olhos’, algo que elas queiram, que dê um objetivo ao dia a dia, isso é o que chamamos de propósito de vida. O propósito de vida, traduzido de uma maneira simples, é ter objetivos e metas. O que a pessoa deseja, o que a motiva para viver, tudo isso ajuda muito na estimulação cognitiva, para que ela tenha o desenvolvimento da memória, da concentração e da atenção no dia a dia.
Outro ponto importante é se envolver em atividades significativas que ajudem na melhora da cognição e na melhora também da prevenção das demências. Já está comprovado cientificamente, que a presença de propósitos de vida pode prevenir o surgimento das demências. E para aquelas pessoas que já tem uma demência diagnosticada, a presença de propósito de vida pode diminuir os efeitos deletérios da doença, então sinais e sintomas podem ser amenizados, atenuados e até serem prorrogados quando a pessoa tem uma motivação para viver, tem um propósito de vida.
O livro, o primeiro no Brasil com essa temática, está organizado em quatro partes. Cada capítulo traz um panorama dos estudos sobre o tema e relatos de casos, que ilustram como a perspectiva do propósito de vida pode contribuir para a saúde física e mental dos pacientes idosos. Complementando a obra estão sugestões de documentários, séries, dramas, romances, comédias e aventuras envolvendo a temática das pessoas idosas, selecionadas para inspirar uma nova postura diante dos conceitos do Propósito de Vida e uma escala, adaptada para a realidade brasileira, para avaliar o propósito de vida e estudar seu impacto em várias dimensões da saúde e do bem-estar de pessoas idosas.
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