Doença de Parkinson também afeta pessoas mais jovens

Doença de Parkinson também afeta pessoas mais jovens

Por André Lima, neurologista e diretor da Neurovida.

No início do mês, a notícia de que a jornalista Renata Capucci estava com Parkinson chamou a atenção para a doença que afeta, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 1% da população mundial com idade superior a 65 anos. No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas sofram com o problema. Apesar de ser uma enfermidade mais conhecida em pessoas na terceira idade, 10% dos pacientes desenvolvem precocemente a doença.

A doença de Parkinson é uma doença neurológica que ainda não tem cura e pode atingir qualquer pessoa, independente de sexo, raça e cor. A maioria das pessoas têm os primeiros sintomas por volta dos 60 anos, mas pode acontecer também nas idades mais jovens, embora seja raro. O diagnóstico é feito por exclusão e estima-se cerca de 100 a 200 casos da doença por 100 mil habitantes.

Os principais sintomas da doença de Parkinson são tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio, além de alterações na fala e na escrita. Não há evidências de que seja hereditária. Apesar dos avanços científicos, ainda continua incurável e é progressiva. Ela causa a degeneração das células situadas numa região do cérebro chamada substância nigra.

A principal causa é a diminuição intensa na produção de dopamina, que é um neurotransmissor (substância química que ajuda na transmissão de mensagens entre células nervosas) . A dopamina ajuda na realização dos movimentos involuntários do corpo de forma automática, ou seja, não precisamos pensar em cada movimento que nossos músculos fazem, graças à presença desta substância em nossos cérebros. Na falta dela, particularmente numa pequena região encefálica chamada substância negra, o controle motor da pessoa é perdido, ocasionando sinais e sintomas característicos. Com o envelhecimento, todos os indivíduos saudáveis apresentam morte progressiva de células nervosas que produzem dopamina. Algumas pessoas, entretanto, perdem essas células (e consequentemente diminuem muito mais seus níveis de dopamina) num ritmo muito acelerado e, assim, acabam por manifestar os sintomas da doença.

O tratamento é baseado em remédios e cirurgias, além da fisioterapia e terapia ocupacional. Todas elas combatem apenas os sintomas. A fonoaudiologia também é muito importante para os que têm problemas com a fala e a voz. Atualmente já está disponível no Brasil o marcapasso cerebral (Deep Brain Stimulation – DBS). Ele é muito benéfico, especialmente para reduzir o tremor. O procedimento consiste na implantação de dois eletrodos em regiões estratégicas e decisivas do cérebro que estimula, por corrente contínua, essas regiões, para que ocorra a diminuição de complicações motoras nos pacientes. Mas só uma pequena parcela dos pacientes com Parkinson, cerca de 10%, têm indicação para esse procedimento. Depois de um longo tempo de uso de medicamentos, o doente passa a não responder mais aos seus efeitos. Esses pacientes com discinesias e não respostas à medicação fazem parte do perfil indicado à cirurgia.

O DBS não busca a cura da doença, mas sim o controle dos sintomas. O objetivo é obter um efeito similar ao melhor estágio do remédio no paciente, sem os efeitos colaterais da medicação e com uma duração de anos.

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