O Rio de Janeiro está prestes a conhecer a obra bem-humorada e surpreendente da artista Roxinha, que tem despontado como um nome potente na arte popular de Alagoas. O Museu do Pontal vai realizar a sua primeira mostra individual, “Roxinha: Uma vida de novela”, com 70 pinturas de Maria José Lisboa da Cruz, a Roxinha. Revelação na região da Ilha do Ferro, ela começou a produzir na maturidade e desenvolveu uma obra marcada pelas referências à TV e ao universo mágico das novelas, com suas apaixonantes histórias de amor.
A exposição, que será inaugurada no dia 6 de maio para o público, ocupará dois espaços do Museu: o foyer e uma das salas de exposição. Além das pinturas, um filme sobre a vida da artista estará em exibição. Roxinha vem ao Rio de Janeiro especialmente para a inauguração e participará de um bate-papo com o público no sábado (dia 6), às 15h. “Durante uma viagem de preparo para as filmagens que estávamos fazendo na Ilha do Ferro, em Alagoas, conheci a obra desta pintora e me apaixonei. Ali nasceu a ideia de fazermos essa exposição individual da Roxinha”, conta Lucas Van de Beuque, diretor executivo do Museu do Pontal.
Natural de Lagoa de Pedra, Pão de Açúcar (AL), filha de pais alagoanos, Roxinha nasceu em 1953, trabalhou no cultivo de macaxeira, feijão e milho desde o fim da adolescência. Também “quebrou brita” em uma Pedreira local e foi gari por quase duas décadas, varrendo as ruas do povoado de Lagoa de Pedra, onde reside até hoje. Aos 59 anos, quando os sete filhos cresceram e seguiram para o Sudeste em busca de trabalho, Roxinha começou a desenhar, no que chamou de “brincadeira” entre ela e o marido, Domingos Lisboa. Era para matar a saudade e preencher o tempo vazio, mas a atividade foi crescendo, ultrapassou as folhas de papel, se esparramou pelas paredes e muros da casa e ganhou novos espaços.
“A obra de Roxinha nos fala de suas visões do amor e do afeto, a partir de sua perspectiva de mulher contemporânea. Ela desconstrói estereótipos sobre o papel da mulher e o pretenso isolamento da vida nos ambientes tradicionais e rurais. Suas pinturas, bem-humoradas, falam de suas vivências cotidianas, nas beiras do rio São Francisco, nas quais se incluem seu fascínio pela televisão, pelas novelas e pelas mudanças dos costumes”, afirma Angela Mascelani, diretora e curadora do Museu do Pontal.
Em 2021, Roxinha começou a pintar em pedaços de MDF e materiais encontrados em terrenos baldios e em caminhadas nas vizinhanças junto com um dos filhos, e o marido. Na mostra que tomará o Museu do Pontal, será possível observar a variedade de suportes, como um televisor antigo, que serviu de tela para uma pintura inspirada na novela O Cravo e a Rosa. Para a artista, este será um momento de realização. “Será a minha primeira vez. Além disso, eu nunca fui ao Rio de Janeiro e nunca andei de avião. Estou feliz e ansiosa”, diz Roxinha, que tem a pintura como atividade diária.
Museu do Pontal
Avenida Celia Ribeiro da Silva Mendes, 3.300, Barra da Tijuca.
Aberto de quinta a domingo, das 10h às 18h (o acesso às exposições se encerra às 17h30).
Ingressos pelo link https://site.bileto.sympla.com.br/museudopontal/ – gratuitos ou com contribuição voluntária.
