Por Andreia Soares Calçada. Psicóloga clínica e jurídica. Perita do TJ/RJ em varas de família e assistente técnica judicial em varas de família e criminais em todo o Brasil. Mestre em sistemas de resolução de conflitos. Autora de livros e artigos na área jurídica.
O isolamento social durante a pandemia aumentou a convivência das crianças com os pais, mas por outro lado, elas ficaram sem ir ao colégio, brincar na pracinha, participar de festas e com isso, o convívio com os amiguinhos e outras pessoas fora do núcleo familiar foi afetado.
Muitas crianças criaram mecanismos para burlar essa solidão e hoje, mesmo com suas rotinas normalizadas, algumas ainda convivem com os amigos imaginários. Na realidade, eles fazem parte de um desenvolvimento saudável e normal da criança até a idade de 7-8 anos. É a forma que ela encontra para lidar com o mundo à sua volta, para organização do pensamento, entretenimento e um verdadeiro treino para seus diálogos e relacionamentos reais. É uma forma de trabalhar a criatividade.
Na pandemia, com a falta de contato com outras crianças, situação que muitas nunca haviam vivenciado, a criação de amigos imaginários com certeza foi uma forma de suprir a convivência com os amigos reais. Segundo pesquisas, os meninos têm uma tendência maior de criar e inventar esses companheiros, mas o importante é que os pais devem respeitar, entrar no jogo lúdico e ficarem atentos, caso se alongue além da faixa etária esperada.
Os pais devem ficar atentos se o ‘amigo’ não atrapalha a vida da criança, se ela apresenta dificuldades para se relacionar com outras pessoas, enfim, se a brincadeira com o amigo imaginário não atrapalha os relacionamentos reais, bem como a vida e as atividades dos pequenos.
É preciso sempre buscar perceber os sentimentos da criança e ter uma boa interação com ela. Caso a criança continue conversando com o amigo imaginário após a idade limite, cerca de 7-8 anos, é bom procurar um especialista.
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