Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer, em 2021, mais de 66 mil casos novos de câncer de mama foram estimados, com um risco de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres. Tendo em vista que o câncer de mama ocupa a primeira posição em mortalidade por câncer entre as mulheres no Brasil, é preciso debater cada vez mais o tema. A campanha do Outubro Rosa vem para reforçar isso, tanto no lado físico da doença, mas na parte emocional e psicológica.
Para Carla Moraes, oncologista do Hospital Anchieta e do Hospital São Francisco de Brasília, o Outubro Rosa é uma campanha anual realizada mundialmente em outubro, com a intenção de alertar a sociedade sobre o diagnóstico precoce do câncer de mama. “A grande missão é compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença; proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade”, observa Carla.
A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), recomenda que as mulheres a partir de 40 anos, façam o check-up de prevenção, é importante falar e agir sobre. Além do exame de toque, é necessário consulta com o ginecologista e/ou mastologista para identificar fatores de risco e estabelecer a rotina de exames de rastreio para a prevenção: a mamografia e o ultrassom mamário. Mas, não só esses profissionais entram em cena, o psicólogo também é peça fundamental nesse processo.
Diagnóstico
Carla Moraes explica que o diagnóstico é só a primeira etapa: “As pacientes passam por consultas multidisciplinares composta por oncologistas e mastologistas para definir o tratamento individualizado para cada uma, entendendo cada caso e suas particularidades”, diz.
“Identificar o câncer de mama nas fases iniciais é o maior aliado para um tratamento eficaz, aumentando assim as chances de cura e também a qualidade de vida. De acordo com dados na literatura médica, em média, 95% dos casos de câncer de mama diagnosticados no início têm possibilidade de cura”, revela a oncologista.
Importância do acompanhamento psicológico
O diagnóstico gera uma fragilidade emocional na mulher, devido à insegurança e ao receio de se ter a doença. Nesse momento, o apoio da família, amigos e, claro, de um profissional que lide com o lado psicológico é essencial. Para o psicólogo Fernando Machado, do Hospital Anchieta de Brasília, o apoio do psicólogo é de fundamental importância para que a paciente se reestruture como pessoa, se resgate como mulher e se sinta apoiada, se sinta segura novamente.
Quando há um procedimento cirúrgico mutilatório é mais doloroso ainda para a mulher, por isso o acompanhamento psicológico é muito importante. “É um trabalho diário, um trabalho contínuo, um trabalho da imagem do corpo como um todo, não de partes do corpo. É uma imagem do agora, é uma imagem do cuidado que eu tenho com esse corpo. Então, a ideia é ir trabalhando esses processos, como que ela se vê, se reconhece, como se sente”, afirma Machado.
Ele ainda acrescenta que “esse acompanhamento psicológico faz a diferença no tratamento, ainda mais com a rede de apoio. Todas as pessoas em volta tem grande importância sobre esse tratamento, principalmente para essa paciente não se sentir sozinha, abandonada ou rejeitada. É de uma força muito grande o apoio familiar, faz toda a diferença para o tratamento, que é difícil e pode deixar sequelas, então ela se sentir amparada e acolhida é fundamental”, conclui.